domingo, 19 de setembro de 2010

certos e errados

estava voltando para casa quando tive um relampejo de juízo na 23 de maio-tiradentes direçao zona norte, meu endereço atual e por provavelmente mais alguns anos.

brigamos e nos decepcionamos com nossos pais por erros nossos e nao deles...

temos essa mania de exigirmos que nossos pais sejam perfeitos aos nossos olhos, e o pior de tudo, perfeitos segundo nossos ideais pouco experientes de perfeiçao...

ninguem tem a obrigacao de ser perfeito, e talvez ninguem tenha essa capacidade, até porque talvez ninguem saiba o que é ser perfeito... (este é um assunto extenso que prefiro me furtar...).

sendo assim ruminei por mais alguns minutos que meus pais talvez não serao perfeitos aos meus olhos simplesmente porque nossos ideais de perfeicao sao diferentes por sermos pessoas diferentes e a chave de tudo está aí: pais nao deixam de ser pessoas porque se tornam pais, apenas assumem mais esta funçao.

quando obrigamos nossos pais a serem perfeitos aos nossos olhos erramos por dois motivos: nos tornamos causadores de conflitos que sao insolúveis porque nao há como pagar dividas sentimentais e segundo porque cobramos dos nossos pais que sejam algo que nao podemos nos espelhar, pois nao podemos ser pais de nós mesmos...

nos espelhamos nas pessoas que nossos pais sao e nao na funçao que eles ocupam... tenho prestado muito atençao nisso, para justamente ser muito cauteloso: nao me lembro de ter feito quase nada de que meus pais me falaram , mas lembro-me de ter feito quase tudo que fizeram...

nao me falaram para ser médico, mas sempre os vi dando o melhor de si e a maior parte do tempo que tiveram para seus objetivos.

nao escolheram a mulher que seria minha mulher, mas observei o quanto me amaram e aprendi o que é amor pelo convívio e nao pelo discurso - logo procurei algo que me despertasse sentimento semelhante.

nao me disseram qual era a hora de ter filhos, ou ainda, não me orientaram que eu só poderia ser pai de filhos que fossem meus naturais, mas me ensinaram o valor que uma vida humana e que filhos nos adotam e que o que nos torna pais e maes nao é o fato de gerarmos crianças e sim destas crianças nos desejarem para eles com toda força de seus pequenos coraçoes.

eu queria me desculpar com meus pais pelos meus erros. por cobrar demais. por ser filho de menos... mas queria me desculpar principalmente por ter reconhecido tardiamente que fizeram, como pessoas, o melhor que puderam em relacao a mim - tem isso tambem, relacoes entre pessoas distintas nao se comparam - e que como pessoas puderam me fazer sentir amparado e me dar suporte para alcançar as coisas de verdade que a vida proporciona: uma boa mulher e bons filhos. Foi em grande parte por nao ter sido privado de seus erros que eu pude notar o valor de algumas coisas importantíssimas.

pai, mãe, voces foram duas pessoas excepcionais por terem se esforçado e dado o seu melhor. As condicões que vivemos nao sao de sua responsabilidade e as dificuldades que passamos nao foi culpa de ninguem. o mérito de voces vai muito alem de um diploma ou de uma carreira promissora... Me perdoem, como filho por minhas cobranças e como pessoa pelos meus erros.

Amo muito vocês, sempre.

E quanto a quem me motivou a escrever esse pouquinho que estava engasgado, o que posso dizer é o que se segue:
Roberta, voce é uma grande mulher, uma grande mãe e uma grande companheira. Com voce eu divido minhas emocoes, paixoes, preocupacoes e responsabilidades. Saiba que nada disso é a vida. Vida é poder abrir os olhos e conscientemente sentir o perfume da sua pele no inicio da sua linha de cabelo na sua nuca quando estou abraçado com você na nossa cama. Saiba ainda que foi voce que me fez entender o que é amor, e traduzir em uma palavra o que é aquela sensacao de "alma plena" que sinto quando estou ao seu lado: amor Roberta, é inspiraçao. Você é a minha.

e boa noite...